quinta-feira, 30 de abril de 2009

Em geral o receptor não ouve o que o outro fala. Ouve o que o outro não está dizendo.
O receptor não ouve o que o outro fala. Ouve o que quer ouvir.
O receptor não ouve o que o outro fala. Ouve o que já escutara antes e coloca no que o outro está falando.
O receptor não ouve o que o outro fala. Ouve o que imagina que o outro ia falar.Numa discussão, os discutidores não ouvem o que o outro está falando. Ouvem o que estão pensando para dizer em seguida.
O receptor não ouve o que o outro fala. Ouve o que gostaria de ouvir ou que o outro dissesse.O receptor não ouve o que o outro fala. Apenas ouve o que está sentindo.
O receptor não ouve o que o outro fala e, sim, o que já pensava a respeito daquilo.
O receptor não ouve o que o outro está falando. Ele retira da fala apenas as partes que tenham a ver consigo e: concordem, emocionem, agradem ou molestem.
O receptor não ouve o que o outro está falando, e, sim, o que confirme ou rejeite o seu próprio pensamento. Vale dizer, transforma-o em objeto de concordância ou discordância.
O receptor não ouve o que o outro está falando, mas o que possa se adaptar ao impulso de amor, raiva ou ódio que já sentia pelo emissor. Concordância ou discordância camuflam-se de racionais, porém são empáticas. O mundo é regido tanto pela economia quanto pela empatia. Argumentos são disfarces intelectuais da simpatia..
.O receptor não ouve o que o outro fala e, sim, apenas os pontos que possam fazer sentido para as idéias e visões que no momento estejam influenciando ou comovendo.
(Artur da Tavola)

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